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Integração faz quitinete de apenas 28 m² parecer maior

Pouco dividido, do jeito que a arquiteta Lívia Cavalca desejava, o apê de 28 m² ficou mais espaçoso. E ganhou estilo e funcionalidade com móveis e acessórios certeiros

Por Texto Cecilia Arbolave | Reportagem Visual Simone Monteiro | Fotos André Fortes | Ilustração Alice Campoy
Atualizado em 26 fev 2024, 09h29 - Publicado em 13 mar 2017, 17h31

Nove anos atrás, decidida a cursar a faculdade de arquitetura, Lívia Cavalca saiu de Guaratinguetá, SP, para viver em uma quitinete na capital. Um ano depois, chegou a irmã. Mas o desconforto em relação ao local, presente desde o primeiro dia, persistiu. E com razão: além dos tacos que se soltavam, a área de circulação era pequena, e a luminosidade, mínima. Quando a irmã se mudou para outro endereço, Lívia resolveu enfrentar a tão adiada reforma no apartamento. “Para morar sozinha, não precisava de tantas paredes”, conta ela, que eliminou divisórias, inverteu sala e quarto e cobriu de cimento queimado todo o piso, reforçando a sensação de continuidade dos espaços. Ao decorar, a arquiteta escolheu móveis prontos – alguns novos, cheios de compartimentos, e outros herdados e repaginados. “Prefiro resgatar o antigo a mandar fazer tudo do zero”, diz. Era da avó, por exemplo, o jogo de jantar – a madeira da mesa recebeu verniz. Já as cadeiras foram revestidas de courino e ganharam tachinhas nas costas. Uma delas também serve ao canto de trabalho. Unida à cozinha, a lavanderia esconde-se atrás da parede do computador. Nela cabem apenas uma máquina lava e seca e um varal retrátil. “Quando os amigos vêm, recolho o varal e ele fica imperceptível”, explica. Para chamar a atenção de quem entra no apartamento, Lívia também optou por cobogós amarelos [elementos vazados] e o revestimento inusitado acima da bancada da pia – um porcelanato preto com estampa inusitada: caveiras douradas, em alta na moda e na decoração (Mcqueenn ac, mede 44 x 88 cm, retificado e acetinado, da DecorTiles, marca da Eliane). Seis peças retangulares cobriram a superfície de 1,20 m² (Soluzione Revestimentos).

A arquiteta Lívia Cavalca combinou móveis de diferentes tonalidades, como o guarda-roupa Til (1,47 x 0,48 x 2 m*), de madeira natural, da Meu Móvel de Madeira (Loja Minha Casa), e a estante Jeepy (1,08 x 0,33 x 0,76 m), revestida de laminado branco, com nove nichos e três gavetas (Tok & Stok) Cama queen Til no padrão Enzo, com gavetas e nichos, da Meu Móvel de Madeira (Loja Minha Casa) e cabeceira Riviera (1,67 x 0,97 m) na cor Cerezo também da Meu Móvel de Madeira. Os cobogós amarelos são da Cerâmica Martins.

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“O sofá-cama era de uma prima da minha avó e tinha 2 m de largura. Mandei cortar a peça, que ficou com 1,60 m, e reestofá-la”, conta arquiteta Lívia Cavalca. O assento ainda se ergue e revela um útil baú para itens de pouco uso. Entre o estofado e a cama, uma mesa lateral (40 x 42 x 69 cm) da Model atende a ambos (Tok & Stok).

Para refrescar o ambiente, foi instalado um ar-condicionado split. Um painel de drywall, sobreposto à alvenaria, oculta o duto e a fiação. A cortina com blecaute (Aladim Decorações), fixada em um trilho duplo, percorre toda a extensão da parede e faz a janela parecer maior e é feita de linho sintético e blecaute (2,56 x 2,77 m). Na frente dela, um aparador antigo encheu-se de graça depois de ser restaurado e pintado de verde. Como  era difícil deslocar os pontos de luz na laje, a moça aproveitou os existentes e instalou dois trilhos com quatro spots cada um. As lâmpadas são do tipo PAR 20 e, de  dia, ficam apagadas: livre de divisórias, o apê é iluminado naturalmente pela claridade que entra por duas janelas.

Ao lado da cama, nasceu um cantinho de beleza. A cômoda era do pai do namorado de Lívia Cavalca e, pintada de preto e amarelo, ganhou um visual arrebatador. Completam o arranjo uma luminária do artista holandês Tord Boontje e o vaso com flores de pano trazido de Prados, MG. A própria moça costurou as almofadas, com exceção das peças sobre a cama (Lolahome). A colcha é de tecido de fibra de bambu (Lolahome) e mede 2 x 2,20 m. O espelho mede 90 x 60 cm e tem moldura de 5 cm (Elvis Arts)

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A folha fixa e a porta de vidro fecham o boxe de cima a baixo e mede 0,88 x 2,20 m (Vidrossol). Dessa forma, o vapor sai naturalmente pela janela basculante voltada para o fosso de ventilação do prédio, evitando o mofo que antes tomava o teto. O piso de cimento queimado é tecnocimento na cor Cinza Sampa (NS Brazil, sem instalação).

A arquiteta Lívia Cavalca manteve os pontos hidráulicos, o gabinete, o espelho, a cuba e a torneira. “Mas troquei todo o revestimento”, conta. A área de banho cobriu-se de azulejos brancos e de uma faixa de peças antigas decoradas em tons clarinhos, que personaliza a solução (Azulejos e Pisos Antigos). O restante do ambiente recebeu um  barrado azulejado de diferentes alturas – na área da pia, é mais alto por causa da água que espirra.

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A porção superior das paredes foi regularizada com massa acrílica e, depois, pintada de branco e azul (Apatita, da Suvinil). Para ter onde dispor seus perfumes, a moradora escalou dois módulos, um com o interior amarelo e o outro laranja, que ocuparam parte da superfície azul. 

A cozinha compõe-se de gabinete e armários prontos, com recortes redondos que atuam como puxadores. Por ser baixa, a geladeira permitiu a colocação dos módulos suspensos a uma altura confortável. Retirados os pés do balcão, a peça foi instalada sobre uma base de alvenaria com acabamento de cimento queimado. Somente o nicho do micro-ondas, fixado acima do fogão, precisou ser feito sob medida. Branquinho, harmonizou com a ambientação.  Lanternas de vidro fosco colorido, compradas na feira de antiguidades de San Telmo, em Buenos Aires, pairam sobre a mesa de jantar.Os armários são da linha Cheddar, da Meu Móvel de Madeira/Loja Minha Casa: módulos aéreos de três portas e de duas portas e balcão para pia.

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A sala (1) localizava-se à direita, e o quarto (2), à esquerda. Saiu o armário (3), que fazia as vezes de divisória, e os ambientes foram invertidos e unidos, interferência que exigiu transferir a porta de entrada (5) para a extremidade oposta. Como não prejudicaria a circulação no hall coletivo nem mexeria na estrutura do prédio, a mudança teve a autorização dos condôminos. Assim, a arquiteta Lívia Cavalca pôde dispor o mobiliário de forma mais esperta. O guarda-roupa e a cômoda (4), por exemplo, alinham-se em uma das laterais.

O refrigerador (6) ficava fora da cozinha, no corredor. Com o quebra-quebra, foi integrado ao ambiente, liberando espaço para um armário estreito (7), que guarda vassouras e tábua de passar.Antes fechada, agora a cozinha abre-se quase inteiramente para a sala. No trecho disponibilizado pela derrubada da parede, a arquiteta Lívia Cavalca colocou uma mesa de refeições (8). Cobogós amarelos (9) camuflam a porta do banheiro.

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