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Apê de 48 m² ganha espaço com marcenaria inteligente

Os móveis sob medida multiplicaram o espaço neste apartamento de 48 m²

Por Reportagem Visual Fernanda De Castro Lima | Texto Carine Savietto / Fotos Zé Gabriel | Ilustração Alice Campoy
Atualizado em 1 dez 2022, 09h33 - Publicado em 20 mar 2017, 17h18

Em vez de presentes de casamento tradicionais, os jovens engenheiros Fernanda Caltabiano e Thiago Theodoro pediram dinheiro para ajudar a remoçar o primeiro apê, um quase quarentão no centro de São Paulo. A ideia era conduzir a reforma por conta própria, mas, por meio de um site de cotação de mão de obra, eles chegaram aos arquitetos Rafael Castilho Devienne e Raphael Civille Rodrigues, do escritório Arquilab. Da hidráulica à iluminação, absolutamente tudo mudou. O maior desafio, no entanto, foi otimizar a planta, o que fez a dupla apostar muitas fichas na marcenaria. “Sem exagerar nos gastos, adaptamos o imóvel à vida moderna”, resume Raphael.

A estante-porta pode ser movimentada sem esforço: além de contar com rodízios imperceptíveis, é mais leve do que parece

 

º Um pedido em especial demandou a criatividade dos arquitetos. “Minha família, de Guaratinguetá [SP], passa um fim de semana por mês conosco. Por isso fizemos questão de que um trecho da sala pudesse ser convertido em quarto nessas ocasiões”, conta Fernanda.

 

º Para substituir a grosseira divisória amadeirada que havia antes (veja na pág. 46), os profissionais bolaram uma peça com dupla personalidade. Quem a vê fechada supõe tratar-se de uma estante comum, mas, note só, sua principal função é a de porta!

 

º Eis o segredo da passagem secreta: uma das folhas desliza para frente, e a outra, para trás. Quando atingem a abertura máxima, ficam rentes às paredes, encaixadas sob módulos fixos no alto – um à esquerda, na direção do jantar, outro à direita, na direção da janela (na foto acima) -, dando a impressão de serem estruturas contínuas.

 

º O mecanismo inteligente depende de ferragens simples. “Nada além de três dobradiças convencionais e quatro rodízios de silicone de cada lado”, revelam os sócios. A solução funciona porque a estrutura é muito leve e não sobrecarrega o sistema – as prateleiras, consequentemente, não aguentam itens pesados.

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º Cada folha só tem função de estante em uma face – para que o avesso não ficasse liso, os arquitetos planejaram frisos decorativos que repetem a geometria dos nichos vizinhos (observe a foto da pág. 46).

 

º O módulo superior central também tem serventia: vazado, deixa a luz solar e a ventilação invadirem a sala inteira.

 

º Feita de MDF 15 mm revestido de laminado melamínico, toda a marcenaria do apê leva a assinatura dos arquitetos.

 

Escolhas rústicas bem temperadas por pitadas modernas

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º Apaixonados por tijolo aparente, os moradores sugeriram empregá-lo em toda a extensão da sala. A fim de evitar um visual pesado demais, a contraproposta dos arquitetos foi combiná-lo com meia-parede de drywall (gesso acartonado), até a altura de 1,15 m. O pilar que faz divisa com a cozinha, por sua vez, vestiu-se inteiro de tijolinhos.

 

º A textura das peças de demolição, assentadas com junta seca (sem rejunte), é acentuada pelas dicroicas embutidas no teto de gesso.

 

º O forro abriga, ainda, fluorescentes tubulares, fixadas na sanca invertida que contorna o cômodo.

 

º Sob o piso laminado, encontraram-se belos tacos, que voltaram a brilhar após o restauro.

 

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Estante-porta

 

Módulos fixos: um de 2,59 x 0,20 x 0,38 m* e dois de 1,40 x 0,20 x 0,38 m; duas folhas deslizantes que somam 2,59 x 0,20 x 2,20 m. Alceu Fortunato/Arquilab

Rack

 

Tem quatro gavetões (1,92 x 0,32 x 0,45 m). Alceu Fortunato/Arquilab

 

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Cozinha e área de serviço compartilham o mesmo ambiente

 

º “A estratégia foi fazer de dois cômodos diminutos um só, porém com plenas condições de uso”, explica Raphael.

 

º “Antes não existia lugar nem para uma lavadora, então recorríamos à casa da mãe do Thiago para cuidar das roupas. Agora temos espaço para a lava e seca, que facilita muito a vida”, diz a moça.

 

º Um único tampo de granito, em formato de U, foi recortado de modo a oferecer diferentes estações de trabalho, além de pia e tanque. Nas extremidades, o acabamento é dado por muretas de concreto, que ocultam as laterais dos eletrodomésticos.

 

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º Para o piso, a escolha recaiu sobre o cimento queimado pronto (Bautech). “Um bom resultado, liso e sem trincas, depende de mão de obra qualificada”, alerta o arquiteto.

 

º Os ingredientes que têm a missão de espantar a frieza são os tijolos e os ladrilhos hidráulicos. Esses últimos, em várias estampas e cores, compõem uma faixa na parede e desenham um charmoso tapete no chão. 

Coube até um bar!

º A entrada da cozinha conquistou um móvel para acomodar copos, taças e bebidas. Há compartimentos fechados, nichos apropriados à armazenagem de garrafas de vinho na horizontal e prateleiras com luz embutida, onde as peças mais queridas são expostas em destaque.

 

º Reparou no detalhe na foto acima? Um dos lados da bancada em L é extensível: basta puxar o tampo e acoplar uma prancha extra, que fica guardada separadamente.

 

º Os azulejos estampados de flores azuis são originais. “Mantê-los em ao menos um trecho foi uma forma carinhosa de preservar a memória do apartamento”, justifica a proprietária.

Da hidráulica aos acabamentos, a mudança foi total no único banheiro

 

º Aqui, não restaram nem as tubulações, já que o casal aproveitou para investir em um aquecedor a gás – em nome da segurança, o aparelho reside na área de serviço, onde a ventilação é boa.

º Outra providência foi inverter pia e boxe. “Com o chuveiro junto da janela, previne-se o mofo no teto”, ensina Rafael.

º O piso deu lugar ao cimento queimado. Atenção: esse material não é indicado na área de banho, uma vez que mancha ao contato com a gordura do corpo e com produtos como xampu e sabonete. Dentro do boxe, reina um porcelanato de mesma tonalidade. Como complemento, as paredes receberam cerâmica que imita uma miscelânea de pastilhas azuis.

 

º O mesmo tipo de acabamento, porém em branco, reveste a bancada feita in loco, de alvenaria.

º Até o pequeno hall do quarto e do banheiro ganhou utilidade: uma sapateira com 20 cm de profundidade.

 

Espaços pensados… e repensados

 

º O casal só abraçou a ideia de reformar porque desejava uma cozinha à moda americana, mas foi impossível tê-la: eles descobriram que, entre esse cômodo e a sala, existia uma parede estrutural (1), que não pode ser quebrada. O jeito foi levar ao chão apenas o trecho menor (2).

 

º A alvenaria que isolava a compacta área de serviço (3) também teve fim.

 

º Antes alocadas de maneira desordenada, as salas de jantar (4) e de estar (5) conquistaram postos bem definidos.

 

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