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Os segredos da distribuição de espaço

O arquiteto Neto Porpino, de São Paulo, prova que dá para encaixar tudo em sua planta sem causar a impressão de sufocamento tendo a fita métrica como aliada

Por Texto: Faiga Silveira / Ilustrações: Alice Campoy
Atualizado em 10 set 2021, 01h02 - Publicado em 20 nov 2015, 09h00

Comprei meu primeiro imóvel e não sei como dispor o mobiliário de forma que tudo caiba nesta planta de 43,5 m² sem aperto. Me ajudem!Patrícia Marcucci, Echaporã, SP 

Patrícia, a solução é dimensionar corretamente os móveis. Para começar, é preciso pensar isoladamente em cada cômodo vazio: analise o que pretende colocar ali, considerando as medidas exatas dos itens (não se esqueça de somar o espaço para abrir portas e gavetas, por exemplo). Aí, a brincadeira vira um jogo de montar: escolha o lugar ideal da mesa, lembre-se de afastá-la da parede para poder empurrar as cadeiras, veja se há passagem livre até o sofá… “Eleja peça a peça! Fuja dos kits prontos que reduzem suas possibilidades”, diz o arquiteto Neto Porpino

Para calcular as áreas de circulação, os livros de arquitetura apontam regras de ergonomia: 60 cm livres de passagem é o mínimo. Mas claro que não é preciso seguir à risca – experimente as áreas de circulação disponíveis para ver se lhe atendem. E há algumas decisões a tomar levando em conta suas prioridades: aqui, para obter um escritório no quarto é necessário abrir mão de uma cama queen e de um criado-mudo. Tudo em nome da boa distribuição, que garante a sensação de bem-estar.

❚ Não coloque em risco sua segurança nem a de seus vizinhos! Antes de iniciar qualquer obra, solicite a um engenheiro ou arquiteto uma avaliação estrutural, que apontará o que pode ser alterado.  

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❚ Este projeto foi realizado com base nas metragens enviadas pela leitora. É imprescindível que a medição seja fiel à área para obter o resultado esperado.

ANTES:

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ESTAR E JANTAR

Um sofá em L e uma mesa com quatro cadeiras, indispensáveis para Patrícia, não caberiam no layout original do estar. Por isso, Neto precisou rever a planta para encontrar a saída: a moça pediu poucos armários na cozinha, então esse cômodo poderia ceder espaço. Assim, ele deslocou a alvenaria divisória, esticando a sala em 1,73 m. Nessa nova área, ele conseguiu posicionar uma mesa retangular com a mesma largura da parede (1,40 m), afastada quase 70 cm dessa divisória – medida pensada para a movimentação das cadeiras. Uma boa distância (97 cm) foi respeitada em relação ao sofá. No canto da TV, por causa da profundidade do estofado, foi preciso economizar na dimensão do rack: a peça magrinha tem 31 cm. Aí, coube uma mesa de centro que respeita a passagem livre de 60 cm em três laterais, mas que fica um pouco mais apertada em relação ao sofá (40 cm) – como o rack tem gavetas, foi necessário deixar o afastamento maior ali por causa das aberturas. “Ambientes muito estreitos devem dispensar a mesinha. Nesses casos, eu recomendaria usar um pufe com essa função, movendo-o sempre que preciso”, sugere Neto. 

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COZINHA

Antes do deslocamento da divisória com a sala, a cozinha era do tipo americana. A redução da área de 10,67 m² para 6,13 m², porém, gerou a necessidade de explorar bem todas as paredes. Por isso, a nova alvenaria vai do piso ao teto, apoiando armários e resguardando a geladeira. O eletrodoméstico, aliás, se posiciona de modo a formar um triângulo com pia e fogão – de acordo com as regras de ergonomia, esse desenho facilita os trabalhos. “É uma convenção funcional e, aqui, ainda garantiu 1,11 m de circulação central sem barreiras”, aponta Neto. A porta de correr poupa centímetros valiosos. 

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QUARTOS

Para o dormitório do casal, Patrícia pediu um canto de trabalho, uma cama queen size (1,58 x 1,98 m) e um armário espaçoso (2,20 x 0,62 m). Porém, as medidas na ponta do lápis resultaram em aperto! Tendo de abrir mão de um dos desejos, optou-se por uma cama padrão casal (1,38 x 1,88 m). Para ganhar na circulação ao pé do leito, a mesa usada como escrivaninha e apoio da TV tem 50 cm de profundidade, livrando 75 cm de passagem. Com esses ajustes, restaram 53 cm de distância entre a cama e a parede da janela, onde se encaixa um criado-mudo, porém a peça não pôde se repetir do outro lado, já que atrapalharia a abertura do guarda-roupa. “Essa falta se resolveria com portas de correr no armário, que liberam o espaço”, esclarece Neto. Entretanto, como o recurso é mais caro, uma ideia é substituir o criado-mudo por uma prateleira de apoio sobre a cabeceira. Já para o quarto dos filhos, Neto projetou um guarda-roupa para o mais velho e uma cômoda para o bebê. Nas paredes maiores, de um lado posicionou a cama de solteiro (1,90 x 0,90 m) e, do outro, o berço e o trocador, que somam a mesma largura da cama. 

BANHEIRO

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O melhor jeito de aproveitar um layout alongado como este é alinhando pia, vaso e chuveiro – aqui, forma-se um corredor de passagem de 65 cm. Na área da pia, a moradora manteve o modelo de coluna, mas o arquiteto dá uma alternativa: “Um gabinete com cuba embutida de 45 x 43 cm”. Lembrando que o ideal é manter um afastamento de 30 cm até o vaso, e entre ele o boxe, para apoiar lixeira e papeleira.

DEPOIS:

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